A Pesquisa do Google é tão onipresente que há pessoas para quem o Google é sinônimo de internet. Centenas de milhões de pessoas o utilizam diariamente. Ocupa 87% do mercado dos motores de busca globais. Em 2020, faturou US$ 147.000 bilhões em receita de publicidade. E a publicidade responde por 80% da receita total do Google.

"É uma loucura que agora exista um único e gigantesco monopólio que decide o que você lê, o que você consome, o que você compra, e você não tem controle sobre isso." comenta Ricardo Socher, CEO da you.com.

Mas a dependência do Google no serviço de anúncios está prejudicando a qualidade das buscas. “Eles não querem tornar o conteúdo mais relevante porque isso reduziria a
relevância dos avisos”, sustenta Socher.
Socher e seu parceiro Bryan McCann ajudaram a criar o Einstein, a inteligência artificial da Salesforce. Eles agora visam liberar o processo de pesquisa na Internet do viés de publicidade e SEO (otimização de pesquisa), para que os usuários tenham mais controle sobre a pesquisa na Internet.
O surgimento do aprendizado profundo e especialmente sua aplicação bem-sucedida ao processamento de linguagem natural (PLN) ajudaram o Google a estabelecer seu domínio como mecanismo de pesquisa. Em 2015, adicionou o RankBrain, que permitiu encontrar palavras ou frases com significados semelhantes aos propostos pelos usuários. Quatro anos depois, o Google adicionou o BERT, um modelo de linguagem que ajuda o mecanismo de busca a entender o contexto da relação entre as palavras pesquisadas.
Não é fácil competir com um monopólio como o Google. E nossos hábitos estabelecidos - especialmente nossa escolha de conveniência em vez de privacidade - também agem como uma barreira para que novos participantes entrem no mercado de mecanismos de busca. No entanto, há sinais de que algo está começando a mudar no campo.
Charlize Warzel publicou recentemente no The Atlantic, The Open Secret of Google Search, onde diz: “Como muitos, recorro ao Google para responder à maioria das coisas mundanas que surgem no meu dia-a-dia. E a primeira página de resultados de pesquisa me sinto cada vez menos útil. E não sou só eu, a frustração se tornou um meme persistente: a Pesquisa Google, que para muitos é uma ferramenta indispensável da vida moderna, está morta ou morrendo. Nos últimos anos, através de vários fóruns e plataformas de mídia social, as pessoas comentaram que o carro-chefe do Google está vazando. Se você está procurando "google morrendo” no Twitter ou no Reddit, você encontrará pessoas reclamando desde meados da década passada. Mas ultimamente, as críticas têm crescido consideravelmente.

E mecanismos de busca como you.com ou DuckDuckGo – que prioriza a privacidade na busca – estão aparecendo e estão experimentando um grande crescimento. Muitas pessoas estão decepcionadas com o motor de busca Google porque ultimamente este motor de busca nos encaminha para sites de empresas em vez de nos oferecer informações sobre as palavras solicitadas. Alguns usuários estão recorrendo a mecanismos de pesquisa alternativos como you.com ou DucDuckGo. Outros estão adicionando a palavra Reddit à consulta para obter uma gama maior de opções fora do negócio de anúncios.
E acima de tudo, uma mudança geracional está ocorrendo. Cerca de 40% dos jovens da Geração Z preferem encontrar informações diretamente em outras plataformas, especialmente no TikTok. Estes são os dados fornecidos por Prabhaar Raghavan, vice-presidente do Google para a revista Fortune em um evento recente. Uma investigação interna do Google descobriu que quase metade dos jovens de 18 a 24 anos usam o TikTok e o Instagram em vez do Google Maps ou da Pesquisa do Google, relata o TechCrunch.
E a razão é que os jovens preferem plataformas visuais a ter que ler. “Uma coisa é ler sobre o que fazer nesta área ou como um determinado produto funciona, e outra coisa é vê-lo”, diz um residente da Flórida de 21 anos.
Melhorias nas ferramentas de pesquisa do TikTok – como um recurso de texto preditivo que sugere pesquisas comuns enquanto o usuário digita – também significa que eles não precisam recorrer a outras plataformas.
Talia Magge, 24, diz que ela e seu grupo de amigos aprendem visualmente e, com o TikTok, é mais rápido e fácil assistir a um vídeo sobre um tópico sobre o qual você está interessado em aprender mais.
Para muitos jovens o TikTok já funciona como um buscador. Ainda mais eficaz que o Google. Recomendações de produtos, coisas para fazer, programas para assistir e muito mais, eles preferem encontrá-los nos vídeos do TikTok.